domingo, 15 de fevereiro de 2009

Saudade dos pés de pitanga!

Abstive-me (caprichei na ênclise, hein!) de escrever aqui no blog por alguns dias porque ando com um perigoso pendor para a confissão. Podia acontecer de eu fazer certas revelações das quais me arrependeria em seguida - ainda que ninguém leia este blog.

Acho que a culpa é do mau tempo. Essa umidade ubíqua, essa falta de vitamina D, já que o Astro Rei há muito não dá as caras. A roupa que não seca no varal. O musgo que vai se formando nas paredes e nos corredores. As "nuvens de magnésia bisurada" de que falou Mirisola a estofar todo o zênite... Agora sei por que o índice de suicídio nos países nórdicos é tão alto.

E, pior que tudo isso, a necessidade diária de se defender da vida. E ter de manter-se a par do que acontece no mundo e logo mais ali, na pracinha do bairro e arredores. Quando não somos assaltados pelo desejo de sair por aí "à procura da felicidade" ou "da batida perfeita", sem o respaldo do cachê milionário de Will Smith nem a pinta de maconheiro-pensador de Marcelo D2.

Ah, andando pelas ruas do centro, encontro cães vadios e donas-de-casa acompanhadas da prole revirando o lixo da gente de posses. Penso um pouco. Mas e o Bolsa Família? Então a bengalada de Deus estala na minha testa: homem de pouca fé!

Não posso pagar três reais por um suco de laranja. Muito menos cinqüenta pela trinca de romances daquele escritor cubano de que falam tão bem. Por sorte não preciso levar meus cachorros para receber tratamento de beleza numa pet shop. A dupla de vira-latas aqui de casa se contenta com um banho de mangueira e sabonete antiparasita uma vez por mês. Sem mencionar o fato de eles não darem a mínima para essa "frescura" de vida cultural. Que inveja!

Saudade dos pés de pitanga! Não estou ficando maluco, não. Minha avó confirmou: havia mesmo um senhor que vendia pães de porta-em-porta com uma barra-forte vermelha. Lembro bem do cesto de bambu em que ele carregava os pães deliciosos e da toalha branca com que o cobria. Aliás, fecho os olhos e posso sentir o gosto do pão de leite que o tiozinho vendia. O melhor que já comi até hoje.

Sobre o que era este post mesmo? Lembrei. Sobre meu pendor para a confissão e o bolor que está lastreando pela casa. Deus esteja.

Ontem o Guaratinguetá meteu quatro no São Caetano e renovou nossas esperanças de um futuro melhor.

Quem ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim? Um filme peruano cujo nome agora me foge.

Que mais aconteceu de importante esta semana? Não sei se interessa, mas dois satélites (um americano e um russo) colidiram no espaço. O americano estava operante; o russo, desativado. Ambos viraram poeira. Ninguém se feriu.

A gente só se dá conta de que o mundo não acabou quando vê um calouro denunciar “abusos” em trotes universitários. Quando pipocam flashes televisivos sobre os últimos ensaios das escolas de samba antes do carnaval, além dos palpites e fofocas acerca da cerimônia da entrega do Oscar. Tudo bem misturado com denúncias de corrupção, violência em terras nacionais e estrangeiras, captura de megatraficantes, nosso Lula em campanha país afora, adentro.

Como diria o grande poeta baiano-marciano, já falecido, Waly Salomão – me segura que eu vou dar um troço!

2 comentários:

  1. Oi Bruno! Cheguei até aqui pelo blog da Ivana.
    Vc convidou e eu apareci!rs
    Sabe que aonde eu trabalho, na Vila Madalena, tem dois pés de pitanga?
    Mas já tá acabando...
    Abraço!
    Rosana

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  2. Oi, Rosana.

    Enquanto houver pés de pitanga, haverá esperança!rs

    Obrigado pela visita. Apareça quando quiser.

    Abraço!

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