quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O fim do mundo e outras lorotas ou Passando o chapéu

Poema da necessidade

É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.

(Carlos Drummond de Andrade in Sentimento do Mundo)

Acrescento: É preciso pagar a conta do telefone.


Where is the fucking money?

É grave a crise, my fellows! Os telejornais noticiam o flagelo da indústria nacional. Queda de 12,4 % na produção - demissões em massa. Os bancos, contudo, nunca lucraram tanto. Spreads altíssimos, brada o presidente Lula, indignado. Mas se deu conta dos lucros absurdos que o setor bancário tem obtido nos últimos anos só agora? Depois os escribas da imprensa o chamam de apedeuta e ele se ressente. Quem manda dar entrevista dizendo que tem ojeriza à leitura dos jornais? Será que só o noticiário político-econômico lhe dá azia, ou a palavra escrita de um modo geral?

Clóvis Rossi (sensato e competente como sempre) escreveu na Folha de S. Paulo que essa crise financeira não é uma quimera nem uma tragédia natural. Ela foi gerada pela irresponsabilidade dos mercadores de crédito internacionais, banqueiros, especuladores, dirigentes de instituições financeiras de vulto como Allan Greeenspan e quejandos. Ou seja: não é um tsunami - muito menos uma marolinha -, mas sim um achaque de proporção global. Desculpe a indelicadeza, leitor, mas o que eu quero dizer é que colocaram no nosso rabo, entendem? E o pior é que esses caras receberam bônus milionários por seus serviços. Suspeita-se ainda que a fonte desse dinheiro seja a “ajuda financeira” concedida pelo governo americano às instituições de crédito. Ahá! Os manos tripudiaram. Fizeram os governantes de bobo. Lá, agora vejo, é como cá.

Mas eu confessava que é preciso pagar a conta do telefone... Mas como? Cá estamos todos desempregados. A mocinha da Telefonica aquiesceu em parcelar nossa dívida em quatro vezes. Agora só precisamos passar o chapéu. Será que Allan Greespan não dava uma forcinha? Alguém aí tem uma ideia? Pensei em colocar um cofrinho aqui no blog. Se cada um dos meus dois ou três leitores colocasse uma moedinha toda vez que acessasse o blog, quanto eu arrecadaria por mês? Talvez desse pra comprar um açaí-na-tigela, se bem que o preço do açaí subiu... Até tu, açaí!?

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