quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Melhores de 2009 (III)

E, encerrando a postagem das listas de melhores do ano, seguem as sete obras-primas do cinema que me encantaram em 2009.

1 – Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder
2 – Ran, de Akira Kurosawa
3 – Os Incompreendidos, de François Truffaut
4 – Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rosellini
5 – Morte em Veneza, de Luchino Visconti
6 – Meu Ódio Será Sua Herança, de Sam Peckinpah
7 – Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho

Seis narrativas e uma espécie de “estudo” sobre a narrativa e a arte da representação (Jogo de Cena) que merecem ser vistos. Sete excelentes maneiras de se “perder tempo”.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Melhores de 2009 (II)

E dando seqüência às minhas listas de melhores de 2009, aqui vão os livros mais interessantes que li no ano passado.

Os títulos estão em ordem de preferência:

1 – A Sibila, Agustina Bessa-Luís
2 – Austerlitz, W. G. Sebald
3 – As Virgens Suicidas, Jeffrey Eugenides
4 – Notas do Subsolo, Fiodor Dostoiévski
5 – Juventude, J. M. Coetzee
6 – Diário de Um Velho Louco, Junichiro Tanizaki
7 – Histórias de Cronópios e de Famas, Julio Cortázar
8 – Bartleby e Companhia, Enrique Vila-Matas
9 – Fun Home, Alison Bechdel
10 – eXato acidente, Tony Monti
11 – Um Esporte e Um Passatempo, James Salter
12 – A Viagem do Elefante, José Saramago
13 – Indignação, Philip Roth
14 – Longe da Água, Michel Laub
15 – A Louca da Casa, Rosa Montero
16 – O Lugar Escuro, Heloísa Seixas

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Confissões de ano velho II

“Quanto mais claramente enxergamos este mundo, mais nos vemos obrigados a fingir que ele não existe”.
James Salter / Um Esporte e Um Passatempo

Em abril do ano passado eu me encontrava com a alma pesada. Acho que, na realidade, era meu corpo que estava inchado pelo excesso de ócio e por uma espécie de abstracionismo auto-indulgente. Em casa ou na rua, eu boiava ou flutuava ao invés de caminhar. Era paradoxal: como um corpo inchado e adiposo podia flanar por aí qual um ectoplasma? Não me ocorriam respostas nem soluções. Minha língua e meu humor afiados eram defesas cínicas de alguém desacreditado, alguém comprometido apenas com a própria miséria, que se fiava em pequenas esperanças, cartas e amigos antigos, e frases e gestos de efeito.

Lado a lado na parede do meu quarto, dois diplomas – o de conclusão do ensino superior, e o de participação e destaque num concurso literário de âmbito nacional – que não me serviam para nada. Apesar do esforço sincero que fazia para manter a cabeça erguida enquanto buscava conquistar espaço e ocupação (concursos públicos, mais concursos literários, entrevistas e entrevistas de emprego) num mundo decadente em que suas loas de progresso eram seus próprios estertores, eu sempre falhava; já começava a batalha previamente derrotado.

Mas então chegou o mês de maio e eu recebi um telefonema de um velho amigo ali pelas sete da noite. Ele me perguntou o que eu estava fazendo e eu disse nada de produtivo ou saudável - e isso bastou. Em menos de uma semana eu tinha um emprego, responsabilidades, direitos e deveres, enfim, uma ocupação para viver e morrer disso. De segunda a sexta feira, das nove às dezoito horas. Dar as mãos aos homens comuns e participar dessa ciranda.

Algum tempo de adequação à rotina (radicalmente?) alterada e às exigências do trabalho. Faça frio ou calor, sob sol ou chuva, é preciso acordar por volta das sete e meia, fazer a higiene matinal, trajar esporte-fino, colocar marmita / guarda-chuva / livro dentro da mochila, e tomar o ônibus para o centro da cidade. Quando batem as nove horas, é tempo de entregar-se à faina do escritório. Por sorte os companheiros de trabalho são pessoas muito boas; o dia-a-dia pode até ser estressante e ocasionar dissabores, mas nunca por conta deles.

Minha alma – esse apêndice metafísico onde se depositam todas as minhas angústias – continua pesada, mas agora não flutuo nem bóio por aí como uma sacola plástica. Tenho andado por entre a gente com os pés descalços e os bolsos (quase) vazios. Eventualmente queimo os pés no asfalto em brasa e procuro manter a cabeça erguida.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Os melhores de 2009 (1)

Hoje O Chimpanzé completa um ano de existência. E eu resolvi comemorar publicando minhas listas de favoritos de 2009. Primeiramente, segue a relação dos (meus) melhores filmes lançados em 2009.

1- Amantes, de James Gray
2- Gran Torino, de Clint Eastwood
3- Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
4- Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow
5- O Lutador, de Darren Aronofsky
6- Inimigos Públicos, de Michael Mann
7- Up – Altas Aventuras, Pete Docter
8- Arraste-me para o Inferno, de Sam Raimi
9- Milk – A Voz da Igualdade, Gus Van Sant
10- Avatar, de James Cameron
11- Star Trek, de J.J Abrams
12- Se Beber, Não Case, Todd Phillips
13- Presságio, de Alex Proyas
14- *Para Aceitá-la Continue na Linha, de Anna Muylaert

Após compor a lista, me dei conta de que todos os filmes – com a nobre exceção de Para Aceitá-la.... - são made in USA, o que pode ser “explicado” pelos seguintes motivos: a) quase não tenho acesso aos melhores filmes europeus / asiáticos / sul-americanos (incluindo os nacionais), que podem ser vistos quase que exclusivamente nos festivais de cinema das capitais ou em salas destinadas a “filmes de arte”; b) não tenho o hábito de baixar filmes na internet, pois não disponho de meios para tanto; c) nem todos os filmes relevantes são lançados em DVD, e mesmo quando ocorre de serem bem distribuídos, eles nem sempre chegam às locadoras do interior; d) Hollywood continua soberana.

* Para Aceitá-la Continue na Linha é um telefilme exibido pela tevê Cultura em meados de dezembro do ano passado. Trabalho notável. Anna Muylaert é uma diretora invulgar. Quem viu Durval Discos sabe disso. Agora estou ansioso para ver É Proibido Fumar.