terça-feira, 19 de maio de 2009

Índios (3)

Homens brancos que vivenciam a experiência de passar uma temporada numa aldeia indígena costumam ficar impressionados com o modo de vida dos nativos. Confrontados com uma cultura totalmente diversa da sua, eles têm a oportunidade de compará-las e pesar as “qualidades” e os “defeitos” de cada uma, por assim dizer. Não são poucos os casos de brancos – principalmente estudiosos – que, após mergulhar no cotidiano de tribos indígenas, emergem fascinados pelo sendo de organização e a simplicidade reinantes nessas sociedades. O jornalista Washington Novaes é um típico exemplo de intelectual que conhece a fundo a questão indígena brasileira. Há anos ele se dedica ao estudo sociológico dessas comunidades, tendo inclusive desfrutado do convívio de tribos indígenas amazônicas mais de uma vez. Seu fascínio e admiração pelo modo com que os nativos se organizam em grupo podem ser conferidos, entre vários outros registros, num pequeno documentário produzido pela TV Cultura, o qual pode ser visto em reprises esparsas nas madrugadas do canal. Nesse depoimento, Novaes ressalta o respeito que os índios têm pela natureza, sua política social equânime, que privilegia o trabalha em grupo e dá voz a todos os membros da aldeia, bem como seu desapego das coisas materiais. Os índios não são consumistas. Eles se contentam com o necessário - não há produção em escala no universo indígena. Assim não produzem lixo em excesso. Se os rios e as matas de onde o índio tira seu sustento estão ameaçados, não é por culpa sua, e sim da ambição e da irresponsabilidade (leia-se estupidez) do homem branco. Os índios têm muito a nos ensinar, Washington Novaes reitera várias vezes ao longo do documentário. Ao contrário do que acreditavam os colonizadores, os gentis estão longe de ser selvagens. Não precisa ser nenhum especialista em cultura indígena para deduzir que os verdadeiros merecedores desse epíteto somos nós.

2 comentários:

  1. Caro Bruno, realmente a ganância selvagem do homem moderno (que se diz civilizado), incentivada pelo sistema, a consumir exageradamente 'necessidades criadas', têm estragado o nosso planeta com uma rapidez tão grande, que já podemos sentir a reação da natureza. Um abraço, Armando.[recomentarios.blogspot.com]

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  2. O mais espantoso é que chegamos a um tal nível de degradação que parece que não há mais volta.

    Felizes (?) daqueles que conseguem ignorar isso.

    Abração.

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