sexta-feira, 15 de maio de 2009

Índios (1)

Há exatos três anos uma série de atentados protagonizados por bandidos do PCC (Primeiro Comando da Capital, organização criminosa que, entre outras atribuições, "controla" os presídios do Estado) aterrorizou a população de São Paulo. Como o próprio governador do estado à época, Claudio Lembo, confirmou, era uma tragédia anunciada. De acordo com Lembo, a polícia tinha conhecimento de um plano articulado pelos criminosos para imprimir um “estado de sítio” na maior cidade do país por meio de ataques a delegacias de polícia, agências bancárias, ao sistema de transporte público, e a outras instituições importantes. Mesmo ciente da intenção do PCC, a Justiça concedeu a muitos presidiários bem comportados o direito de passar o Dia das Mães com a família, e a polícia paulista não conseguiu garantir a segurança da população. Os atentados, que tiveram início no dia 12 e se estenderam até o dia 20 de maio, resultaram em 496 mortos em todo o estado, entre militares e civis. No domingo 14, Dia das Mães, toda a mídia se mobilizou para cobrir o saldo dessa onda de destruição, e à noite telejornais e “revistas eletrônicas” como Fantástico e Domingo Espetacular noticiaram a angústia das mães que haviam perdido seus filhos justamente no dia dedicado a elas. Ao longo da semana pudemos acompanhar pelo noticiário todo o terror perpetrado pelos bandidos que houveram por bem não retornar à prisão na segunda-feira, como determinara a Justiça. Nos velórios de policiais militares e civis, a bandeira nacional e do Estado de São Paulo cobriam os caixões, e as saraivadas de tiros e o som fúnebre dos metais encobriam o choro dos parentes. Nos sepultamentos de cidadãos comuns, nada de tiros ou música para abafar o pranto dos familiares. Passados três anos, aproximadamente 60% dos casos de homicídio ainda não foram solucionados.

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