segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Entrevista de Lula na Band


O programa Canal Livre, da Band, exibiu ontem à noite uma entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conversa ocorreu em Brasília, no Palácio do Planalto, o que favoreceu muito o entrevistado. Se o encontro tivesse ocorrido em “território neutro”, talvez os jornalistas Joelmir Betting, Fernando Mitre, José Luiz Datena, Boris Casoy e Antonio Telles não tivessem se mostrado tão timoratos diante de um Lula seguro de si e articulado como nunca.

Mas, justiça seja feita, os entrevistadores bem que tentaram “cutucar” o presidente e extrair dele revelações sobre assuntos espinhosos - mensalão, censura, reformas várias etc. Entretanto, bom político que é, Lula soube escapar a todas as investidas, e ainda por cima reverteu alguns fatos a seu favor.

Como de costume, Lula colocou a culpa de muitos tropeços de seu governo em terceiros. Disse, por exemplo, que a reforma trabalhista só não aconteceu porque os setores interessados não chegaram a um acordo. Quanto às tentativas de controle da imprensa por parte de governistas, Lula objetou que, se houve propostas nesse sentido, elas surgiram de debates democráticos entre algumas associações de jornalistas, e que ele próprio acredita que os únicos atores que podem regular a imprensa são os telespectadores, leitores, e ouvintes.

Sobre a candidata do PT à presidência da República, Dilma Roussef, Lula afirmou que o fato de ela estar concorrendo é uma vitória da democracia, e que a ex-ministra vai surpreender nessas eleições. Aliás, a palavra democracia foi uma das mais citadas pelo presidente, que declarou não ter sequer cogitado a possibilidade de pleitear um terceiro mandato porque “com a democracia não se brinca”. Segundo Lula, esta foi uma das muitas convicções que ele adquiriu ao longo de sua trajetória. Outra afirmação acertada do presidente foi a de que a população brasileira jamais aceitaria qualquer tentativa de agressão à nossa democracia conquistada a duras penas e finalmente consolidada. Tal asserção não causaria nenhum tipo de estranhamento se não viesse de um político que apóia (e se diz amigo) de líderes totalmente antidemocráticos como Fildel Castro, Hugo Chávez, e Mahmud Ahmadinejad.

Essa pode não ter sido a “entrevista dos meus sonhos” com o nosso presidente, mas com certeza foi uma boa entrevista. Sobretudo porque Lula demonstrou que amadureceu bastante nesses oito anos de governo – apesar de ainda ostentar certa arrogância e megalomania.

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