Após várias tentativas frustradas de criar e manter um blog – que sempre esbarraram em minha falta de talento e organização para atualizar periodicamente um espaço dessa natureza -, finalmente decidi levar a empreitada adiante, in fact, como manda o protocolo: escrevendo, postando, interagindo.
Relutei um bocado antes de aderir ao universo do umbigo online, mas, após sopesar as consequencias (o trema caiu, gente!) positivas e negativas dessa incursão, resolvi correr o risco. Portanto aqui vai (já está indo, na verdade) meu primeiro post. Que terá uma razoável gama de ingredientes tão caros aos blogs dedicados à cultura e à reflexão: uma lista com minhas leituras mais relevantes de 2008; uma pequena crônica escrita num distante mês de junho do ano passado; e uma associação fútil e gratuita de cunho (obviamente) pessoal.
Ao trabalho, pois:
Os doze (doze é um número bom) livros que mais me marcaram no ano que passou foram estes:
Pais e Filhos, do russo Ivan Turguêniev;
Memórias do Cárcere, de Graciliano ramos;
Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado;
A Chuva Imóvel, de Campos de Carvalho;
Putas Assassinas, do chileno Roberto Bolaño;
O Despenhadeiro, do colombiano radicado no México, Fernando Vallejo;
Uma Questão Pessoal, do japonês Kenzaburo Oe;
Dentro da Baleia, do inglês George Orwell;
Reparação, do também inglês Ian McIan;
Kafka à Beira-mar, do japonês Haruki Murakami;
Hoje está um dia morto, do André de Leones;
Beijando Dentes, do Maurício de Almeida.
São sete romances, dois livros de contos, dois de memórias, e uma coletânea de ensaios. Tentei ler mais obras de não-ficção, mas falhei terrivelmente. Continuo tarado por romances. Um dado triste: não li nenhum livro de poesia em 2008. Talvez por isso tenha sido um ano tão amargo para mim. Li um livro de reportagem interessante, que havia muito eu cortejava: A Ilha, do Fernando Moraes. Embora um tanto quanto datado – natural em se tratando de reportagem – o livro serve como “porta de entrada” para aqueles que, como eu, se interessam pela revolução, que aliás completa 50 anos este mês.
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Agora segue a crônica:
Hoje é um dia atípico de outono: Está quente, mas não muito – agradável às crianças, às plantas e aos pássaros. É também um dia laureado por um halo cor-de-abóbora, por vezes cinza, por vezes rosado. O santo do dia é Santo Antônio, de origem italiana, se não me trai o catecismo. Neste exato momento Santo Antônio de Pádua está sendo carregado num andor através das ruas da cidade por uma centena de fiéis. É um préstito que já presenciei algumas dezenas de vezes. As pessoas entoam cantos litúrgicos e protegem do vento as chamas das velas que carregam. São cerca de cinco quilômetros até o retorno à catedral, onde será rezada uma missa logo em seguida. Há um sentimento de companheirismo acrescido ao de religiosidade que torna mais leve a alma dos caminhantes. Os pés quase não doem; a voz nunca falta. Estão todos enlevados por um espírito de comunhão.
14/06/2008
F. Scott Fitzgerald
Olá Bruno,
ResponderExcluirAcabei esbarrando no seu blog por uma coincidência (coronel vicente miguel, 235): também sou fã do André de Leones.
Aqui, acabei encontrando uma série de outras: 1) também tenho 24 anos;
2) Também comecei minha incursão na blogsfera por agora, meu blog deve ter uns quinze dias e
o layout é igual ao seu.
Gostei muito da crônica. Vou acompanhar teu blog torcendo pra você ter organização e disciplina, já que talento, pelo que aponta esse seu debut, não é uma coisa que te falta.
Se puder visite o estranho adão.
Abraço
Ronaldo Trindade