Os milhares de leitores deste blog me cobram uma relação dos livros que tenho lido. Pois bem. Há meses não compro livro algum (aqui em casa, à exceção de meu irmão do meio e de minha avó, que é pensionista, estamos todos desempregados - e apavorados!); o último que comprei foi o novo romance do escritor paulistano Marcelo Mirisola, “Animais em Extinção”, o qual não correspondeu às minhas expectativas. Mas recomendo muito outros livros do Mirisola, principalmente “O Azul do Filho Morto” e “Joana a Contragosto” – alta literatura.
Em se tratando de leitura, sou muito guloso, e sempre pego uma penca de livros emprestados nas bibliotecas de Guaratinguetá e Lorena já sabendo que não darei conta de ler todos dentro do prazo. Atualmente estou com quatro livros em casa: “De repente, nas profundezas do bosque”, do escritor israelense Amós Oz; “A Louca da Casa”, um livro de ensaios da espanhola Rosa Montero; “Histórias de Cronópios e de Famas”, do grande autor argentino Júlio Cortazar; e “A Imortalidade”, do romancista tcheco Milan Kundera.
Já acabei de ler “De repente...”, uma fábula contemporânea sobre uma aldeia onde há muito tempo não se vê um animal sequer. Não gostei do livro, ponto. Sempre tive muita curiosidade de conhecer a obra de Oz, mas acho que comecei pelo livro errado. Na verdade só li esse romance porque é o único título desse autor disponível nas bibliotecas que frequento. E os outros romances dele, editados pela Companhia das Letras, são caros demais: o mais barato custa R$31,00 – quantia de que atualmente não disponho. Mas não desisti de ler (e gostar) de Amós Oz. Não é porque tive uma primeira experiência ruim que vou me abster de ler outros títulos dele. Se agíssemos sempre assim, jamais gozaríamos de uma série de atividades, sendo o sexo a mais óbvia delas.
“Histórias de Cronópios e de Fama” foi uma indicação indireta da jovem escritora e jornalista paulistana Vanessa Bárbara, autora de “O Livro Amarelo do Terminal” e do romance “O Verão do Chibo” – este último em parceria com Emília Fraia. No domingo dia 11, em entrevista ao jornal Estadão, Bárbara citou o livro como um de seus prediletos. E como além de linda a moça é inteligente e talentosa, segui sua indicação.
Estou lendo simultaneamente “A Imortalidade” e “A Louca da Casa” – ambos indicações de amigos. O primeiro me foi fortemente indicado pelo Alexandre, um grande amigo com quem não tenho contato há séculos. E o segundo, na realidade, foi uma indicação que colhi no blog do contista carioca Marcelo Moutinho. Estou apreciando ambos. “A Louca...” é um livro para quem gosta de literatura, para leitores iniciados, pois nele a autora trata da escrita, de escritores, de leituras, ou seja, de tudo que tem relação com a literatura. Já “A Imortalidade” é um típico romance de Kundera: mistura ordenada de ficção e ensaio. Estão presentes na obra temas caros a esse autor, como as relações amorosas, a política, as questões históricas e filosóficas etc. Por vezes a leitura se torna cacete, mas de um modo geral o livro é instigante.
Eis um trecho engraçado, angustiante e verdadeiro:
“O homem deseja a imortalidade, e um dia a câmera nos mostra sua boca deformada por uma triste careta, única coisa que nos restará dele e que se transformará na parábola de toda sua vida; ele entrará na imortalidade dita risível. Tycho Brahé era um grande astrônomo, mas hoje não lembramos mais nada dele, salvo por esse célebre jantar na corte imperial de Praga em que ele refreou pudicamente sua vontade de ir ao banheiro, até que sua bexiga explodiu e ele, mártir da vergonha e da urina, foi prontamente juntar-se aos imortais risíveis. (...) Não conheço no mundo romancista que me seja mais caro que Robert Musil. Ele morreu uma manhã levantando halteres. Agora quando vou levantá-los, antes tomo meu pulso com angústia e tenho medo de morrer, pois morrer com um halteres na mão, como meu querido autor, faria de mim um imitador tão inacreditável, tão frenético, tão fantástico, que a imortalidade risível me estaria imediatamente garantida.”
Com esse trecho, Kundera descreveu um sentimento que, por incrível e risível que seja, acomete muita gente. Eu, por exemplo, tenho medo de morrer de qualquer jeito. Mas existe uma maneira que me aterroriza particularmente. Como as pessoas que me conhecem bem sabem, sou um grande admirador do escritor mineiro Guimarães Rosa. Rosa, autor de “Grande Sertão: Veredas”, um dos maiores romances da nossa literatura, tinha receio de ingressar na Academia Brasileira de Letras porque acreditava que não suportaria a emoção de tamanho reconhecimento. Durante anos se absteve de tomar posse na ABL em razão desse temor, até que em 16 de novembro de 1963, quatro anos após sua eleição, Rosa tomou posse na Academia. Três dias depois, seu coração parou de bater.
Ainda não fui reconhecido como escritor, não tenho nenhum livro publico, e nem mesmo tenho perspectiva de que isso aconteça algum dia, mas só de pensar em morrer após receber algum prêmio ou homenagem (tomar posse na ABL me parece inatingível demais), como o grande Guimarães Rosa, sinto um frio na espinha.
Em se tratando de leitura, sou muito guloso, e sempre pego uma penca de livros emprestados nas bibliotecas de Guaratinguetá e Lorena já sabendo que não darei conta de ler todos dentro do prazo. Atualmente estou com quatro livros em casa: “De repente, nas profundezas do bosque”, do escritor israelense Amós Oz; “A Louca da Casa”, um livro de ensaios da espanhola Rosa Montero; “Histórias de Cronópios e de Famas”, do grande autor argentino Júlio Cortazar; e “A Imortalidade”, do romancista tcheco Milan Kundera.
Já acabei de ler “De repente...”, uma fábula contemporânea sobre uma aldeia onde há muito tempo não se vê um animal sequer. Não gostei do livro, ponto. Sempre tive muita curiosidade de conhecer a obra de Oz, mas acho que comecei pelo livro errado. Na verdade só li esse romance porque é o único título desse autor disponível nas bibliotecas que frequento. E os outros romances dele, editados pela Companhia das Letras, são caros demais: o mais barato custa R$31,00 – quantia de que atualmente não disponho. Mas não desisti de ler (e gostar) de Amós Oz. Não é porque tive uma primeira experiência ruim que vou me abster de ler outros títulos dele. Se agíssemos sempre assim, jamais gozaríamos de uma série de atividades, sendo o sexo a mais óbvia delas.
“Histórias de Cronópios e de Fama” foi uma indicação indireta da jovem escritora e jornalista paulistana Vanessa Bárbara, autora de “O Livro Amarelo do Terminal” e do romance “O Verão do Chibo” – este último em parceria com Emília Fraia. No domingo dia 11, em entrevista ao jornal Estadão, Bárbara citou o livro como um de seus prediletos. E como além de linda a moça é inteligente e talentosa, segui sua indicação.
Estou lendo simultaneamente “A Imortalidade” e “A Louca da Casa” – ambos indicações de amigos. O primeiro me foi fortemente indicado pelo Alexandre, um grande amigo com quem não tenho contato há séculos. E o segundo, na realidade, foi uma indicação que colhi no blog do contista carioca Marcelo Moutinho. Estou apreciando ambos. “A Louca...” é um livro para quem gosta de literatura, para leitores iniciados, pois nele a autora trata da escrita, de escritores, de leituras, ou seja, de tudo que tem relação com a literatura. Já “A Imortalidade” é um típico romance de Kundera: mistura ordenada de ficção e ensaio. Estão presentes na obra temas caros a esse autor, como as relações amorosas, a política, as questões históricas e filosóficas etc. Por vezes a leitura se torna cacete, mas de um modo geral o livro é instigante.
Eis um trecho engraçado, angustiante e verdadeiro:
“O homem deseja a imortalidade, e um dia a câmera nos mostra sua boca deformada por uma triste careta, única coisa que nos restará dele e que se transformará na parábola de toda sua vida; ele entrará na imortalidade dita risível. Tycho Brahé era um grande astrônomo, mas hoje não lembramos mais nada dele, salvo por esse célebre jantar na corte imperial de Praga em que ele refreou pudicamente sua vontade de ir ao banheiro, até que sua bexiga explodiu e ele, mártir da vergonha e da urina, foi prontamente juntar-se aos imortais risíveis. (...) Não conheço no mundo romancista que me seja mais caro que Robert Musil. Ele morreu uma manhã levantando halteres. Agora quando vou levantá-los, antes tomo meu pulso com angústia e tenho medo de morrer, pois morrer com um halteres na mão, como meu querido autor, faria de mim um imitador tão inacreditável, tão frenético, tão fantástico, que a imortalidade risível me estaria imediatamente garantida.”
Com esse trecho, Kundera descreveu um sentimento que, por incrível e risível que seja, acomete muita gente. Eu, por exemplo, tenho medo de morrer de qualquer jeito. Mas existe uma maneira que me aterroriza particularmente. Como as pessoas que me conhecem bem sabem, sou um grande admirador do escritor mineiro Guimarães Rosa. Rosa, autor de “Grande Sertão: Veredas”, um dos maiores romances da nossa literatura, tinha receio de ingressar na Academia Brasileira de Letras porque acreditava que não suportaria a emoção de tamanho reconhecimento. Durante anos se absteve de tomar posse na ABL em razão desse temor, até que em 16 de novembro de 1963, quatro anos após sua eleição, Rosa tomou posse na Academia. Três dias depois, seu coração parou de bater.
Ainda não fui reconhecido como escritor, não tenho nenhum livro publico, e nem mesmo tenho perspectiva de que isso aconteça algum dia, mas só de pensar em morrer após receber algum prêmio ou homenagem (tomar posse na ABL me parece inatingível demais), como o grande Guimarães Rosa, sinto um frio na espinha.
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