Era uma vez um chimpanzé criado em cativeiro que resolveu montar uma barraquinha de beijos no seu terreno. Dado que seus tratadores não opusessem resistência alguma ao projeto, o chimpanzé levou a idéia adiante. Em poucos dias a barraquinha ficou pronta. Mas, tal qual constava das previsões mais realistas do símio, em algumas semanas de funcionamento quase não houve demanda por seus beijos. Então o chimpanzé quedou-se lá, melancólico e desapontado, os beiços doloridos de cãibra por estarem sempre apostos para o beijo, atrás da sua modesta barraquinha construída num canto do quinhão de terra que sempre lhe coubera.
Porém, às vezes alguém que por acaso passasse pela barraquinha se apiedava da sorte do chimpanzé e lhe atirava algumas bananas de consolo - o que, se não fazia com que ele se alegrasse, ao menos alimentava sua esperança de um dia distribuir seus beijos em larga escala.
Era uma vez um chimpanzé que tinha muito amor para dar.
Porém, às vezes alguém que por acaso passasse pela barraquinha se apiedava da sorte do chimpanzé e lhe atirava algumas bananas de consolo - o que, se não fazia com que ele se alegrasse, ao menos alimentava sua esperança de um dia distribuir seus beijos em larga escala.
Era uma vez um chimpanzé que tinha muito amor para dar.
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Dois livros que não consigo terminar de ler: Henderson, o Rei da Chuva, de Saul Bellow, e Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. O primeiro porque é muito chato. E o segundo porque é longo e possui uma característica que convida o leitor a apreciá-lo em partes: é uma compilação de fragmentos que o grande poeta português escreveu durante anos, e os quais não chegou a ver publicados.
Saul Bellow foi um grande escritor. Há dois anos li um romance seu intitulado O Planeta do Sr. Sammler, verdadeira obra-prima da literatura americana. Mas esse Henderson, que comprei num sebo por UM REAL, é difícil de encarar. Curiosamente, Bellow declarou uma vez ser esse um dos livros que mais se orgulhava de ter escrito. Entendo que cada autor mantém uma relação de admiração distinta com suas criações, mas daí a considerar Henderson como seu maior livro... Sei não. Convém deixar claro que não se trata de um romance abominável; tem suas (incontestáveis) qualidades. Saul Bellow foi um dos maiores prosadores americanos do pós-guerra, disso ninguém discorda. Mas essa história do milionário estadunidense que resolve excursionar pela África a fim de encontrar o sentido da vida não conseguiu me cativar.
Saul Bellow foi um grande escritor. Há dois anos li um romance seu intitulado O Planeta do Sr. Sammler, verdadeira obra-prima da literatura americana. Mas esse Henderson, que comprei num sebo por UM REAL, é difícil de encarar. Curiosamente, Bellow declarou uma vez ser esse um dos livros que mais se orgulhava de ter escrito. Entendo que cada autor mantém uma relação de admiração distinta com suas criações, mas daí a considerar Henderson como seu maior livro... Sei não. Convém deixar claro que não se trata de um romance abominável; tem suas (incontestáveis) qualidades. Saul Bellow foi um dos maiores prosadores americanos do pós-guerra, disso ninguém discorda. Mas essa história do milionário estadunidense que resolve excursionar pela África a fim de encontrar o sentido da vida não conseguiu me cativar.
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