Sem água encanada nem energia elétrica voltamos à Idade Média.
Ontem, um problema técnico na estação de tratamento de água da cidade suspendeu o abastecimento durante mais de doze horas. Por volta das três da tarde a água começou a escassear. Em pouco tempo não havia mais uma gota sequer nas torneiras. Ficamos dependentes da água armazenada na caixa, que com alguma economia (banho decente nem pensar!) supriu nossas necessidades até o início desta madrugada, quando então amargamos uma seca total.
Fui dormir às 3:30 da madrugada. Ainda não havia água. O abastecimento só foi normalizado no início da manhã. Desconheço o motivo do problema. Contudo, um dia assim nos dá uma idéia do quanto sofrem as populações que convivem diariamente com uma severa escassez de água. Penso nas gentes sertanejas. Em algumas tribos do Oriente Médio. Na “gente humilde” do litoral, que agora no verão tem o fornecimento comprometido em razão da descida em massa da classe média para a praia. Mas não só neles. Há muitas regiões em que a oferta de recursos hídricos é precária. Como vocês sabem, a água potável do planeta está cada vez mais rara. E, segundo os estudiosos mais pessimistas (ou realistas?), dentro de 25 anos enfrentaremos um grave problema de falta d’água.
As fortes chuvas desta época costumam provocar constantes blecautes. Só este mês já houve dois aqui na cidade. Foram breves e não causaram prejuízos. Nada comparável aos apagões do início da década – quando vivemos literalmente nas trevas. Li muito à luz de velas nesse tempo. Quase ateei fogo no meu colchão. Fazia curso técnico em administração à noite e lembro que ficamos no escuro algumas vezes. Gritaria e tumulto nos corredores da escola. As meninas reclamavam do assédio. Não passei a mão em ninguém – e acho que não passaram a mão em mim. Meu amigo Carlos deve ter bolinado algumas garotas; ele tem cara de sex offender. Brincadeira, Carlos!
E justamente ontem, dia da seca, eu assisti a uma reportagem no canal do Edir Macedo sobre uma tribo primitiva da Nova Guiné que, entre outras excentricidades, mora em casas nas árvores. São cerca de trinta pessoas que habitam uma floresta, da qual tiram tudo que necessitam para sobreviver. Eles não conhecem energia elétrica nem tampouco água encanada. Falam um dialeto milenar e quase não têm contato com a civilização. Vivem em harmonia com a natureza. Conservam costumes para nós muito estranhos, como o de andar nus, apenas de tapa-sexo, e, no caso das mulheres, o de se “enfeitar” com cicatrizes feitas com lenha em brasa. Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de eles sacrificarem membros da tribo que contraem doenças incuráveis. Visto que vivem em condições precárias, não é raro que algum deles caia muito doente e acabe sendo morto pelo grupo. Ou seja, eles praticam eutanásia há milênios. E isso me fez lembrar imediatamente de Eluana Englaro, a italiana de 38 anos que há dezessete vivia em estado vegetativo, morta ontem após ter sustados os canais que a alimentavam e hidratavam. O pai dela ganhou na justiça o direito de pôr fim ao sofrimento da filha. Eluana entrou em coma irreversível após sofrer um acidente de carro.
Ontem, um problema técnico na estação de tratamento de água da cidade suspendeu o abastecimento durante mais de doze horas. Por volta das três da tarde a água começou a escassear. Em pouco tempo não havia mais uma gota sequer nas torneiras. Ficamos dependentes da água armazenada na caixa, que com alguma economia (banho decente nem pensar!) supriu nossas necessidades até o início desta madrugada, quando então amargamos uma seca total.
Fui dormir às 3:30 da madrugada. Ainda não havia água. O abastecimento só foi normalizado no início da manhã. Desconheço o motivo do problema. Contudo, um dia assim nos dá uma idéia do quanto sofrem as populações que convivem diariamente com uma severa escassez de água. Penso nas gentes sertanejas. Em algumas tribos do Oriente Médio. Na “gente humilde” do litoral, que agora no verão tem o fornecimento comprometido em razão da descida em massa da classe média para a praia. Mas não só neles. Há muitas regiões em que a oferta de recursos hídricos é precária. Como vocês sabem, a água potável do planeta está cada vez mais rara. E, segundo os estudiosos mais pessimistas (ou realistas?), dentro de 25 anos enfrentaremos um grave problema de falta d’água.
As fortes chuvas desta época costumam provocar constantes blecautes. Só este mês já houve dois aqui na cidade. Foram breves e não causaram prejuízos. Nada comparável aos apagões do início da década – quando vivemos literalmente nas trevas. Li muito à luz de velas nesse tempo. Quase ateei fogo no meu colchão. Fazia curso técnico em administração à noite e lembro que ficamos no escuro algumas vezes. Gritaria e tumulto nos corredores da escola. As meninas reclamavam do assédio. Não passei a mão em ninguém – e acho que não passaram a mão em mim. Meu amigo Carlos deve ter bolinado algumas garotas; ele tem cara de sex offender. Brincadeira, Carlos!
E justamente ontem, dia da seca, eu assisti a uma reportagem no canal do Edir Macedo sobre uma tribo primitiva da Nova Guiné que, entre outras excentricidades, mora em casas nas árvores. São cerca de trinta pessoas que habitam uma floresta, da qual tiram tudo que necessitam para sobreviver. Eles não conhecem energia elétrica nem tampouco água encanada. Falam um dialeto milenar e quase não têm contato com a civilização. Vivem em harmonia com a natureza. Conservam costumes para nós muito estranhos, como o de andar nus, apenas de tapa-sexo, e, no caso das mulheres, o de se “enfeitar” com cicatrizes feitas com lenha em brasa. Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de eles sacrificarem membros da tribo que contraem doenças incuráveis. Visto que vivem em condições precárias, não é raro que algum deles caia muito doente e acabe sendo morto pelo grupo. Ou seja, eles praticam eutanásia há milênios. E isso me fez lembrar imediatamente de Eluana Englaro, a italiana de 38 anos que há dezessete vivia em estado vegetativo, morta ontem após ter sustados os canais que a alimentavam e hidratavam. O pai dela ganhou na justiça o direito de pôr fim ao sofrimento da filha. Eluana entrou em coma irreversível após sofrer um acidente de carro.
* Verso da canção Eu era um lobisomem juvenil, da Legião Urbana.
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