Eu e meu pai não temos muita coisa em comum. Tirante o fato de que somos muito parecidos fisicamente, são poucos nossos gostos e opiniões convergentes. No tocante a cinema, por exemplo, meu pai não nutre o menor entusiasmo pelos títulos que me apaixonam. Ele prefere os filmes que são esquecidos logo após serem vistos; eu aprecio aqueles que ficam na memória por um bom tempo, gerando reflexão e reacendendo velhos conflitos internos e quase sempre insolúveis.
Quando assistimos a um filme juntos, não é raro que ele se aborreça de saída com o que chama de blablablá insuportável (leia-se a introdução da trama). "Muito falatório pro meu gosto", dispara, ríspido, virando pro outro lado no sofá. Se ninguém é assassinado ou não ocorre um crime instigante nos primeiros vinte minutos da fita, meu pai desiste dela. Conversação em cinema não é com ele. Meu pai - como eu não canso de enfatizar ironicamente - é um amante do cinema mudo.
Mas ele não é o único. A maioria das pessoas que conheço não tem paciência para assistir a filmes que por assim dizer fazem pensar. O que as cativa são os thrillers de ação espertos, daqueles que geram uma saudável (?) taquicardia do começo ao fim, e os dramas de forte apelo emocional. Sem falar nas comédias adolescentes de alto teor escatológico.
Mas, antes que me xinguem de ranzinza, intelectual xiita, ou de desprovido de senso de humor, quero dizer que também gosto de uma boa comédia, de um bom filme de ação, e, em menor grau, de um drama meloso. O que me difere dessas pessoas que mencionei acima é o fato de essa minha disposição para o passatempo cinematográfico ser a exceção, e não a regra. Pois, quando vou ao cinema ou à videolocadora, simplesmente não consigo deixar meu cérebro em casa.
O último dos irmãos Coen
Quando assistimos a um filme juntos, não é raro que ele se aborreça de saída com o que chama de blablablá insuportável (leia-se a introdução da trama). "Muito falatório pro meu gosto", dispara, ríspido, virando pro outro lado no sofá. Se ninguém é assassinado ou não ocorre um crime instigante nos primeiros vinte minutos da fita, meu pai desiste dela. Conversação em cinema não é com ele. Meu pai - como eu não canso de enfatizar ironicamente - é um amante do cinema mudo.
Mas ele não é o único. A maioria das pessoas que conheço não tem paciência para assistir a filmes que por assim dizer fazem pensar. O que as cativa são os thrillers de ação espertos, daqueles que geram uma saudável (?) taquicardia do começo ao fim, e os dramas de forte apelo emocional. Sem falar nas comédias adolescentes de alto teor escatológico.
Mas, antes que me xinguem de ranzinza, intelectual xiita, ou de desprovido de senso de humor, quero dizer que também gosto de uma boa comédia, de um bom filme de ação, e, em menor grau, de um drama meloso. O que me difere dessas pessoas que mencionei acima é o fato de essa minha disposição para o passatempo cinematográfico ser a exceção, e não a regra. Pois, quando vou ao cinema ou à videolocadora, simplesmente não consigo deixar meu cérebro em casa.
O último dos irmãos Coen
Ontem fui ao cinema assistir a Queime Depois de Ler, o último trabalho dos irmãos Coen. O filme estreou no Brasil em novembro passado, mas, como a rede de cinema aqui do shopping padece de um anacronismo homérico quando o assunto é data de exibição, nós sempre somos os últimos a ver os títulos mais discutidos e badalados do circuito nacional - isso quando eles são exibidos por aqui, o que quase nunca acontece.
Queime Depois de Ler é uma tragicomédia ao melhor estilo dos Coen. Ou seja, um filme para fãs. Acontece que o cinema daqui mantém uma promoção para atrair público na segunda-feira, dia em o ingresso custa R$5,00 (inteira) e R$2,50 (meia). E como há muita gente de férias agora em janeiro, as salas costumam estar lotadas nas segundas e nas quartas-feiras. A sessão em que assisti ao filme dos Coen não estava lotada; havia umas trinta pessoas na sala; mas pelo menos dois terços delas se decepcionaram com Queime Depois de Ler.
Isso porque certamente nunca ouviram falar nos irmãos Coen e só compraram o ingresso para ver Brad Pitt e George Clooney em cena. Até aí tudo bem. O problema é que neste filme Pitt interpreta um personal trainer idiota que perto do final da história leva um tiro na testa, e Clooney vive um ex-policial cafajeste e não menos aloprado que dá o tiro na testa de Pitt.
Ouvi uma série de comentários desolados de expectadores medianos que não entenderam bulhufas do filme e por isso mesmo não se divertiram como eu me diverti. Os mais comuns foram: "Não tem pé nem cabeça"; "Não tem trilha sonora"; "A história é ridícula"; "Perdi meu tempo"; "Joguei dinheiro fora" etc. Paciência. É óbvio que essa gente que faz fila para assistir à sequência de Se eu fosse você não vai gostar do filme dos Coen. Mas, por outro lado, é ótimo e indispensável que vejam o filme de Daniel Filho. Porque se o exibidor não lucrar com esses títulos populares, nem cogitará de colocar em cartaz filmes alternativos como Queime Depois de Ler, Juno, Sweeney Todd, Brokeback Mountain, Possuídos, Encarnação do Demônio, O Labirinto do Fauno, aos quais assisti no cinema daqui.
Queime Depois de Ler é uma tragicomédia ao melhor estilo dos Coen. Ou seja, um filme para fãs. Acontece que o cinema daqui mantém uma promoção para atrair público na segunda-feira, dia em o ingresso custa R$5,00 (inteira) e R$2,50 (meia). E como há muita gente de férias agora em janeiro, as salas costumam estar lotadas nas segundas e nas quartas-feiras. A sessão em que assisti ao filme dos Coen não estava lotada; havia umas trinta pessoas na sala; mas pelo menos dois terços delas se decepcionaram com Queime Depois de Ler.
Isso porque certamente nunca ouviram falar nos irmãos Coen e só compraram o ingresso para ver Brad Pitt e George Clooney em cena. Até aí tudo bem. O problema é que neste filme Pitt interpreta um personal trainer idiota que perto do final da história leva um tiro na testa, e Clooney vive um ex-policial cafajeste e não menos aloprado que dá o tiro na testa de Pitt.
Ouvi uma série de comentários desolados de expectadores medianos que não entenderam bulhufas do filme e por isso mesmo não se divertiram como eu me diverti. Os mais comuns foram: "Não tem pé nem cabeça"; "Não tem trilha sonora"; "A história é ridícula"; "Perdi meu tempo"; "Joguei dinheiro fora" etc. Paciência. É óbvio que essa gente que faz fila para assistir à sequência de Se eu fosse você não vai gostar do filme dos Coen. Mas, por outro lado, é ótimo e indispensável que vejam o filme de Daniel Filho. Porque se o exibidor não lucrar com esses títulos populares, nem cogitará de colocar em cartaz filmes alternativos como Queime Depois de Ler, Juno, Sweeney Todd, Brokeback Mountain, Possuídos, Encarnação do Demônio, O Labirinto do Fauno, aos quais assisti no cinema daqui.
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