Há alguns anos os Estados Unidos vêm produzindo um tipo muito particular de criminoso: o atirador sem causa. Esses atiradores geralmente são jovens em idade escolar, tidos como freaks (esquisitos, desajustados) pela sociedade, com fácil acesso a armas de fogo, que planejam seus atentados meticulosamente, e cujas vítimas são colegas de escola, professores, e, em última instância, eles próprios.
O caso mais famoso dessa espécie de terrorismo é o do massacre de Columbine, ocorrido em abril de 1999 numa pacata cidadezinha do estado do Colorado. Na ocasião, dois adolescentes abriram fogo contra colegas e professores do Instituto Colombine, deixando 15 mortos, incluindo eles mesmos, que se mataram após a chacina.
Outros episódios dentro e fora dos EUA também marcaram época. No Brasil, o caso mais conhecido é o do estudante de medicina Mateus da Costa Meira, que em novembro de 1999 invadiu uma sala de cinema num shopping em São Paulo e disparou contra a platéia, matando três pessoas e ferindo outras cinco. O filme que estava sendo exibido quando do ataque era Clube da Luta, de David Fincher, e eu me lembro de Arnaldo Jabor espinafrando a obra de Fincher e o cinema de ação hollywoodiano de modo geral em seu comentário no Jornal da Globo, como se a violência perpetrada naquela noite fatídica houvesse sido transmitida a nós, os puros de coração, através do cinema americano. Simples assim.
Seria leviano afirmar que os americanos criaram essa nova categoria de terrorismo e a exportaram para o resto do mundo. Equivaleria a sustentar que as “raízes do mal” germinam apenas em solo americano, na terra do capitalismo desmedido, onde os fracos não têm vez etc. – o que é uma completa tolice. Do mesmo modo, acredito que a violência no cinema – ou nos videogames – não seja a principal propagadora do mal entre os jovens que cometem essas atrocidades. Ela até pode servir de modelo para os ataques, mas não me parece ser seu fator gerador.
Cineastas como Michel Moore (Tiros em Columbine) e Gus Van Sant (Elefante) investigaram, cada qual à sua maneira, os motivos que levam parte da juventude americana a cometer tais atos de desespero. O primeiro, utilizando o documentário como instrumento de investigação, acredita que o livre acesso a armas letais e o descaso do governo para com a população mais pobre do país seriam as principais causas desses atentados. Já o segundo, valendo-se dos meios ficcionais, atribui essas manifestações ao isolamento social e a fragilidades emocionais inerentes aos protagonistas. Ou seja, enquanto para Michel Moore as deficiências sócio-culturais são as verdadeiras vilãs, para Gus Van Sant, o problema maior está no silêncio dos jovens atiradores, um silêncio que denota medo e desesperança, e que, somado à extrema facilidade de se adquirir armas letais no país, acaba culminando em violência gratuita.
Sejam quais forem os estopins desses assassinatos, o fato é que eles estão se tornando cada vez mais constantes. Em 2007, houve chacinas dessa ordem numa universidade americana da Virgínia (32 mortos), e numa escola da Finlândia (8 mortos). Hoje pela manhã, ao acessar a internet, descubro que ocorreram mais dois casos do tipo, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos. Este último se deu ontem no Alabama e envolveu um atirador que matou dez pessoas, entre elas um bebê de um ano e meio e sua mãe, além dele próprio. Até agora a polícia local não sabe o que motivou o crime. No sudoeste da Alemanha, um rapaz de 17 anos invadiu sua antiga escola na manhã desta quarta-feira e abriu fogo contra alunos e professores. Dezesseis pessoas morreram, incluindo o adolescente, morto em tiroteio com a polícia.
Como disse Bob Dylan em sua célebre canção, the times are changing. Ou melhor, things have changed.
O caso mais famoso dessa espécie de terrorismo é o do massacre de Columbine, ocorrido em abril de 1999 numa pacata cidadezinha do estado do Colorado. Na ocasião, dois adolescentes abriram fogo contra colegas e professores do Instituto Colombine, deixando 15 mortos, incluindo eles mesmos, que se mataram após a chacina.
Outros episódios dentro e fora dos EUA também marcaram época. No Brasil, o caso mais conhecido é o do estudante de medicina Mateus da Costa Meira, que em novembro de 1999 invadiu uma sala de cinema num shopping em São Paulo e disparou contra a platéia, matando três pessoas e ferindo outras cinco. O filme que estava sendo exibido quando do ataque era Clube da Luta, de David Fincher, e eu me lembro de Arnaldo Jabor espinafrando a obra de Fincher e o cinema de ação hollywoodiano de modo geral em seu comentário no Jornal da Globo, como se a violência perpetrada naquela noite fatídica houvesse sido transmitida a nós, os puros de coração, através do cinema americano. Simples assim.
Seria leviano afirmar que os americanos criaram essa nova categoria de terrorismo e a exportaram para o resto do mundo. Equivaleria a sustentar que as “raízes do mal” germinam apenas em solo americano, na terra do capitalismo desmedido, onde os fracos não têm vez etc. – o que é uma completa tolice. Do mesmo modo, acredito que a violência no cinema – ou nos videogames – não seja a principal propagadora do mal entre os jovens que cometem essas atrocidades. Ela até pode servir de modelo para os ataques, mas não me parece ser seu fator gerador.
Cineastas como Michel Moore (Tiros em Columbine) e Gus Van Sant (Elefante) investigaram, cada qual à sua maneira, os motivos que levam parte da juventude americana a cometer tais atos de desespero. O primeiro, utilizando o documentário como instrumento de investigação, acredita que o livre acesso a armas letais e o descaso do governo para com a população mais pobre do país seriam as principais causas desses atentados. Já o segundo, valendo-se dos meios ficcionais, atribui essas manifestações ao isolamento social e a fragilidades emocionais inerentes aos protagonistas. Ou seja, enquanto para Michel Moore as deficiências sócio-culturais são as verdadeiras vilãs, para Gus Van Sant, o problema maior está no silêncio dos jovens atiradores, um silêncio que denota medo e desesperança, e que, somado à extrema facilidade de se adquirir armas letais no país, acaba culminando em violência gratuita.
Sejam quais forem os estopins desses assassinatos, o fato é que eles estão se tornando cada vez mais constantes. Em 2007, houve chacinas dessa ordem numa universidade americana da Virgínia (32 mortos), e numa escola da Finlândia (8 mortos). Hoje pela manhã, ao acessar a internet, descubro que ocorreram mais dois casos do tipo, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos. Este último se deu ontem no Alabama e envolveu um atirador que matou dez pessoas, entre elas um bebê de um ano e meio e sua mãe, além dele próprio. Até agora a polícia local não sabe o que motivou o crime. No sudoeste da Alemanha, um rapaz de 17 anos invadiu sua antiga escola na manhã desta quarta-feira e abriu fogo contra alunos e professores. Dezesseis pessoas morreram, incluindo o adolescente, morto em tiroteio com a polícia.
Como disse Bob Dylan em sua célebre canção, the times are changing. Ou melhor, things have changed.
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