domingo, 14 de junho de 2009

Um poema e uma canção. Ou A preguiça do blogueiro

Incapaz de administrar seu tempo de maneira produtiva, o blogueiro apenas lamenta – e admira. Por vezes, inverte a ordem, então admira (a capacidade alheia de gerenciar o tempo) e lamenta (sua falta de talento para criar, construir, fazer acontecer, nas horas em que não está tentando garantir seu sustento ou descansando).

***
Um poema de Roberto Piva que vive na minha cabeça:

O SÉCULO XXI ME DARÁ RAZÃO
(se tudo não explodir antes)

O século XXI me dará razão, por abandonar na linguagem & na ação a civilização cristã oriental & ocidental com sua tecnologia de extermínio & ferro-velho, seus computadores de controle, sua moral, seus poetas babosos, seu câncer que-ninguém-descobre-a-causa, seus foguetes nucleares caralhudos, sua explosão demográfica, seus legumes envenenados, seu sindicato policial do crime, seus ministros gângsters, seus gângsters ministros, seus partidos de esquerda fascistas, suas mulheres navios-escola, suas fardas vitoriosas, seus cassetetes eletrônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida, sua epidemia suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara da cultura, seus pró-Cuba, seus anti-Cuba, seus capachos do PC, seus bidês da direita, seus cérebros de água choca, suas mumunhas sempiternas, suas xícaras de chá, seus manuais de estética, sua aldeia global, seu rebanho-que-saca, suas gaiolas, seus jardinzinhos com vidro fumê, seus sonhos paralíticos de televisão, suas cocotas, seus rios cheios de latas de sardinha, suas preces, suas panquecas recheadas com desgosto, suas últimas esperanças, suas tripas, seu luar de agosto, seus chatos, suas cidades embalsamadas, , sua tristeza, seus cretinos sorridentes, sua lepra, sua jaula, sua estricnina, seus mares de lama, seus mananciais de desespero.
***
Um filme visto no fim de semana: Árido Movie, do pernambucano Lírio Ferreira. Belo. Divertido. Irregular. Penso que Bianca iria gostar desse filme. Acho que iria apreciar principalmente a trilha sonora. Da qual "extraí" o samba-canção Naquela mesa, clássico de Sérgio Bittencourt cantado por Otto, ao final do filme, e por Nelson Gonçalves, na versão abaixo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário