sábado, 28 de julho de 2012

A pequenez da vida que a arte exagera


“Lembro de um período do final da adolescência em que minha mente ficava embriagada com imagens de aventuras. É assim que vai ser quando eu crescer. Eu vou lá, vou fazer isso, vou descobrir aquilo, vou amá-la, depois ela, ela e ela. Vou viver como as pessoas vivem e sempre viveram nos romances. Em quais eu não tinha certeza, só que paixão e perigo, êxtase e desespero (mas depois mais êxtase) estavam à minha espera. Entretanto... quem foi que disse aquilo sobre “a pequenez da vida que a arte exagera”? Houve um momento quando estava me aproximando dos trinta anos em que eu admiti que meu amor por aventuras já tinha acabado há muito tempo. Eu jamais iria fazer coisas que havia sonhado na adolescência. Em vez disso, eu aparava a grama, tirava férias, tinha a minha vida.


Mas o tempo... como o tempo primeiro nos prende e depois nos confunde. Nós achamos que estávamos sendo maduros quando só estávamos sendo prudentes. Nós imaginamos que estávamos sendo responsáveis, mas estávamos sendo covardes. O que chamamos de realismo era apenas uma forma de evitar as coisas em vez de encará-las. O tempo...  nos dá tempo suficiente para que nossas decisões mais fundamentais pareçam hesitações, nossas certezas, meros caprichos.”
Trecho do romance "O sentido de um fim", de Julian Barnes

Nenhum comentário:

Postar um comentário